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terça-feira, 6 de novembro de 2012

A MENINA E AS ABELHAS: UMA HISTÓRIA DO SERTÃO POTIGUAR

 Jaandra Felipe de Souza é daquelas jovens opiniosas que sabem o que querem. Aos 23 anos de idade e com o segundo grau completo, decidiu que seria apicultora. Para isso, precisou começar cedo e trabalhar muito. Hoje, com colméias espalhadas em sua propriedade e na terra da avó, com quem mora, está realizada e progredindo.
Tudo começou em 2010, quando Jaandra decidiu a acompanhar o agricultor, Raimundo Filho, marido de sua prima Tatiane, na captura de abelhas na mata. Apicultor experimentado, ele precisava de companhia para o trabalho e ela se ofereceu para ajudar.
 Logo tomou gosto pela função e aprendeu rápido a lidar com os enxames. Depois disso, resolveu se tornar uma criadora também.
A primeira atitude foi comprar colméias. Para isso, combinou com a irmã, Gilmara, de venderem uma vaca que tinham ganhado de presente do pai, Damião. Como a rês tinha uma cria não foi difícil o negócio. Jaandra vendeu a vaca e deixou o outro animal com a irmã. Assim montou seu primeiro apiário com dez colméias, compradas do amigo Filho, todas já com abelhas.
 Não durou um ano, para Jaandra começar a ver resultado. Como o inverno tinha sido bom, colheu mel da maioria das colméias. Com o dinheiro em mãos, não pensou duas vezes: comprou mais colméias e algumas galinhas para o terreiro. Assim que as aves aumentaram, também as vendeu para comprar mais colméias.
Não satisfeita, trocou um porco que tinha ganhado da tia Maria das Chagas em mais caixas para abelhas. No ano seguinte, ela já tirou mel de 15 colméias. Aí continuou mexendo e comprando mais equipamentos, sendo que hoje está com 26 colméias produzindo.
Jaandra não tem dificuldade de comprar as colméias porque seu amigo Filho as produz para vender na região e negocia com ela. Eles são vizinhos.
Moram na mesma propriedade de dona Cristina, avó dela e da prima, Tatiana, casada com Filho. Uma parte das colméias de Jaandra está nesse terreno, de uns dez hectares, e a outra na terrinha que ganhou dos pais que decidiram anteciparem a herança. É um pedacinho de menos de cinco hectares. As duas terras ficam localizadas no sítio Cabo, na comunidade de Cachoeira, zona rural de Caraúbas (RN).
Dona Cristina, sua avó, diz que acha bonita a disposição da neta para o trabalho. Ela até se admira da jovem ter a mesma disposição dos homens da família. Dona Cristina só se preocupa quando Jaandra sai sozinha para o mato para caçar enxames.
 Isso porque uma vez ela deu um grande susto. Era mais ou menos meio dia, quando saiu acompanhada de um vizinho para tirar uma abelha perto de casa. O enxame muito bravo e o sol muito quente derrotou os dois que chegaram em casa passando mal. Foi um grande aperreio para todos da casa de dona Cristina porque Jaandra até desmaiou.
Mas nada disso assusta a jovem trabalhadora. A sua meta é alcançar 50 colméias produzindo e viver somente disso, tendo pouco trabalho e preocupação. Na opinião dela, ao contrário de uma vaca que precisa de alguém para dar de comer todo dia, as abelhas sabem se virar sozinhas e dão mais retorno. Segundo Jaandra, se tivesse uma vaca, ela estaria comendo o que as abelhas estão produzindo.
 Sua mãe, dona Jucilene, também apóia as atitudes da filha. Ela disse que Jaandra pensa nas abelhas o dia todo, tanto que, de vez enquando, vai a seu terreiro e pega emprestada uma galinha ou um frango para trocar por colméias.
Solteira, Jaandra aproveita bem a sua juventude. Uma de suas atividades preferidas é jogar futebol com as amigas da comunidade. Além de criar abelha, ela pretende se preparar para a faculdade já que em sua cidade acaba de ser implantado um Campus da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA).






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