Açude da comunidade é usado para criar peixes e abastecer as 14 casas das
familias que la vivem
As famílias da comunidade de
Cachoeirinha, na zona rural de Caraúbas, semi-árido do Rio Grande do Norte,
moravam em Boágua 3, pertencente ao Senhor de Joel. Ele era um bom patrão, tanto
que não disse nada quando os moradores se uniram para fundar uma associação e até
doou um pedaço do terreno para que fossem construídos um açude e uma horta
coletiva. Mas em 2003, os trabalhadores descobriram que ele estava para vender
a terra.
São 14 familias que vivem na comunidade de cachoerinha
Todo mundo ficou desolado. Com um novo dono eles
poderiam perder seus projetos e ter de se mudar. Mas aí, a presidente da associação, Ilma
Maria, resolveu pedir ajuda à assessoria técnica da ATOS (Assessoria, Consultoria e
Capacitação Orientada Sustentável)
e foi orientada a procurar Crédito Fundiário. Esse é um programa do governo federal
que financia a compra de terras para associações da agricultura familiar.
Seu Cleomar e dona Mirian mostram a produção de milho
Depois do primeiro contato,
os técnicos do programa Crédito Fundiário foram até a comunidade
explicar como tudo funcionava. Em
seguida a pauta foi colocada para votação e, das 34 famílias, apenas 15
quiseram comprar a terra. Uma pessoa saiu
depois devido a problemas de saúde. Os que ficaram fundaram a associação de
Cachoeirinha e conseguiram a liberação de 168 mil reais. 63 mil foi usado para pagar
a terra. Os outros 105 mil reais foi liberado
a fundo perdido, para construir casas, comprar um trator e patrocinar outros projetos.
Seu Alexandre, a esposa e o filho em frente a casa
A terra de 250 hectares foi
dividia, ficando cada família com uma média de 16 hectares. Dona Ilma
explicou que as famílias que não quiseram fazer parte do grupo, continuaram com
a antiga associação. Os novos assentados aproveitaram a
vasta área de carnaubeira para
implantar um projeto de palha e cera. Também começaram a criar abelha,
pequenos animais e peixes no açude. O trator serve para cortar as áreas dos
associados no inverno, mas também de agricultores de fora, gerando renda que é usada para pagar a
prestação da terra. Todo ano, as 14 famílias precisam
pagar uma parcela de 5 mil reais.
Dona Ilma e sua plantação de hortaliças orgânicas
Seu Cleomar Tavares da Silva
e sua esposa Antônia Mirian disseram que suas vidas ficaram melhor depois que
compraram a terra. Para ele, quando se passa a ser dono da propriedade é sinal
de que a vida está melhorando. Além de plantar durante o tempo chuvoso, eles
também criam pequenos animais como ovelha, gado e galinha.
Mauro Alexandre Camilo de
Oliveira e sua esposa Gesilda Viana também são muito contentes com a conquista
da terra. Eles têm dois filhos, uma moça
e um rapaz, que ajudam na produção. Cria
gado, ovelha e plantam feijão e milho. Com as economias que fizeram, conseguiram
comprar outro pedacinho de terra na frente de sua casa de uma área vizinha a da
associação. Dona Ilma Maria, que mora com os pais e um irmão, conquistou
recentemente um projeto para produção de hortaliças orgânicas. Ela disse que a compra da terra foi uma
solução para que os projetos já conquistados e o sonho de muitas vidas da associação
não se acabassem.
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